terça-feira, 30 de outubro de 2007

As coisas que a gente faz para (tentar) relaxar

Dia desses estive em minha terapeuta de shiatsu para mais uma tentativa de me livrar de uma torturante dor nas costas que tenta me pôr a nocaute há tempos. Segundo minhas queridas amigas que só querem o meu bem, é coisa de velho!

Pois bem. Eli é uma japinha pequena, socada e forte como um lutador de sumô. Com ela, aprendi que tenho pontos na omoplata que refletem na testa, pontos na batata da perna que refletem na coluna, pontos na planta do pé que refletem no abdômen e, o mais incrível: um bendito ponto na nuca que toda vez que ela aperta, eu tenho certeza absoluta de que meus olhos vão pular das órbitas. Ela diz que a culpa é da minha falta de sono. Eu digo que é maldade mesmo. Antes de iniciar a sessão, já sabendo da tortura que viria a seguir, disse:

_ Agora é aquela hora em que você tenta fazer meu olho pular, né?

Ela apenas ri, suave. Eu continuo:
_ É, Eli. Porque um dia desses, você vai conseguir e aí não vai poder dizer que eu não avisei. Quero só ver a sua cara me dizendo: ups, foi maus! Ó, seu olho pulou, mas passa lá no São Luiz que eles põem de volta rapidinho! Só que aí, pra não chegar atrasada no trabalho, eu vou levar o olho na bolsa pra recolocar outra hora, o olho vai perder o prazo de validade e eu serei obrigada a viver como um ciclope, por SUA culpa.

Ela ri novamente.
_ Você TEM que dormir, Ana.
_ Que hora? Que hora eu vou dormir, hein? Aaaiiii! Tá bom. Eu durmo. Mas você promete que não tenta arrancar meu olho hoje?
_ Riririri!
_ Aaaaaaiiiiiii! Pulou?
_ O quê? O olho, ué.
_ Não. Continua no lugar.
_ Engraçado, porque a dor foi tanta, que escureceu tudo.

Passado esse momento lancinante, ela tenta deslocar minhas omoplatas. Com convicção. Eu berro de dor e ela diz que é culpa do estresse. Estresse, nada! É culpa sua, que está aplicando a força de mil mamutes nas minhas costas.

Aí vem a hora de tentar desencaixar o braço do tronco. Ela puxa e gira bem na articulação com uma força hercúlea. Dói alucinadamente.

_ Eli...
_ Sim, Ana.
_ Tá grudado! O braço tá grudado no tronco!
(Risinho.)
_ Eu sei.
_ Então, por que você está tentando desgrudar, pôxa vida?
_ A culpa é do excesso de digitação.
(Ah! É mesmo. Tá bom.)

Não contente, ela torce meu corpo para um lado como se fosse um ésse e me manda respirar fundo. Eu sempre estremeço nessa hora porque, na seqüência, ela apóia uma mão no ombro e outra na bacia e dá um tranco. O objetivo do "tranco" é fazer todas as vértebras da coluna estalarem. Primeiro de um lado e depois do outro. Às vezes dá certo.

Quando ela faz essa mesma coisa na cabeça , é inesquecível porque eu vejo o filminho da minha vida passar toda vez.

_ E aí? Eu tô viva?
(Risinho suave.)
_ Claro que está, Ana.
_ Porque dessa vez, eu vi o filminho da minha vida com uma nitidez tremenda. Juro! Pensei que tivesse empacotado. Aliás, você já perdeu algum cliente aqui na mesa?
_ Ririririri!

O resto é moleza. Ela fica em pé em cima dos meus pés, na dobra dos joelhos e depois me manda sentar e me puxa MUITO para cima. Devo crescer uns 5 cm cada vez que vou lá. O que significa que, se mantiver a constância, dentro de seis meses vou estar com uns... três metros e vinte?

Saio de lá totalmente esquecida da dor na região lombar. Até porque, todo o resto dói tanto, que fica uma coisa assim, meio difusa, meio pulverizada.

O conceito deve ser esse. Com certeza.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Vinte e nove de outubro

Aí um dia, você cruzou meu caminho. E eu nem posso dizer que não estava esperando, porque você é tudo o que eu sempre quis (e nunca tive coragem de pedir). E de conversa em conversa, de música em música, de jantar em jantar, a gente foi descobrindo que, no fundo, éramos uma pessoa só. O mesmo estilo, os mesmos gostos, os mesmos princípios, o mesmo ritmo, as mesmas manias, a mesma cicatriz no queixo (e até as mesmas alergias!).

Nossa história, fomos construindo aos poucos. É verdade que a gente devia ter se conhecido uns 15 anos antes, mas talvez não tivesse sido uma boa idéia. Porque 17 anos atrás, meu amor, eu não estava preparada para você (e nem você pra mim). E seguimos, dia a dia, passo a passo, sonho a sonho, até que, de repente, deixou de fazer sentido ficar separado. E a gente se juntou ainda mais.

Fácil? De jeito nenhum. Se fosse fácil, não teria graça. Mas o fato é que o tempo foi passando e hoje, dois anos depois, eu não consigo nem imaginar minha vida sem você. Devagar, você foi ocupando todos os espaços e criando outros, que eu nem sabia que existiam. E você está em tudo, babe: na minha casa, no meu trabalho, no meu carro, no meu quarto, nas minhas roupas, nos meus sonhos e nos meus planos.

E por que a gente chegou até aqui? Por que merece, oras. Merece cada minuto de felicidade, cada olhar cúmplice, cada noite juntos, cada toque, cada sorriso e cada lembrança. Até quando? Até sempre. Porque o que eu quero é passar o resto da minha vida com você. Até os músculos caírem, até os filhos crescerem, até os cabelos clarearem, até os anos pesarem, até a pele vincar, até a memória falhar e depois que tudo isso acontecer, por mais vinte ou trinta anos. E tudo isso só porque um dia, você cruzou meu caminho (ou fui eu quem cruzou o seu?) de vez.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Onde está o Montanha?

Quando a gente muda de casa, há essencialmente duas formas de fazê-lo:

1-
Levar as coisas aos poucos e arrumá-las no novo local para, no fim, levar apenas os móveis;
2-
Levar tudo de uma vez, com uma transportadora.

Como tudo na vida, as duas formas têm vantagens e desvantagens. O bom de arrumar tudo aos poucos é que quando os móveis finalmente chegam, as coisas já estão quase que totalmente organizadas, o que facilita bastante a entrada no novo endereço. A desvantagem é que dá uma trabalheira dos infernos e leva tempo. A vantagem de contratar uma transportadora é que o sofrimento é breve. Em um dia os caras empacotam tudo e no dia seguinte, carregam. É a opção ideal para quem tem pouco tempo para mudar. A desvantagem é que dá uma trabalheira dos infernos.

Minha opção, por falta de opção, foi a segunda. E quando os moços da transportadora terminaram o serviço, por volta das cinco e meia da tarde, fizeram a contabilidade das caixas ainda não abertas para eu fazer o cheque caução. Restavam CEM caixas.

Hoje, três dias depois, já consegui, com o auxílio da equipe mais obstinada e disposta do mundo, abrir boa parte delas. Já achei até a minha filha e acho que até segunda-feira acho o Montanha. Ainda bem que quando o empacotaram, eu coloquei um pacote de biscoitos na caixa dele. Estou tranqüila porque pedi pra enrolarem ele bem direitinho no plástico-bolha, colocarem um adesivo de “este lado para cima” e fazerem uns furinhos na tampa da caixa.

No fundo, no fundo, ele está melhor que a gente, que tá aqui, do lado de fora, no meio do caos. Pelo menos pode ficar lá, quietinho. Conversando com uma amiga, ela me perguntou se eu tinha colocado o DVD dos Backyardigans junto com ele. Não, né? Pra ele assistir como?

_ E uns carrinhos, Ana? Ele deve estar morrendo de tédio a essa altura...
_ Que nada! Ele adora biscoito. Eu pus aqueles recheados, sabe? Ele vai perder um tempão descolando todos e raspando o recheio com os dentes.
_ Mas tá frio, Ana...
_ Não tem problema. Eu pedi pra enrolar ele bem direitinho no plástico-bolha. Ele vai ficar aquecido.
_ Mas você não pôs nem uns carrinhos na caixa?
_ Sabe qual é o problema, querida? É que com a abertura das caixas, eu descobri que os moços da mudança arrumam tudo por ordem alfabética de objeto, sabe?
_ Comassim?
_ Abajur, almofadas, alpiste, amaciante, arroz...
_ Meu Deus, Ana! Que caos! É por isso que ele e a irmã não estavam na mesma caixa.
_ Exatamente. Entende as minhas olheiras agora?
_ Mas... e o Montanha?
_ Ah, deve estar junto com a maionese, a mesa da cozinha e o Methiolate.
_ E em que letra você está?
_ Estou entre o F e o H, mas prometo que quando encontrá-lo, eu te conto, tá?

Mudanças

Não tem jeito. Mais cedo ou mais tarde, uma hora ou outra, todo mundo muda. Uns mudam devagar, por etapas; outros mudam de repente e tem gente que nunca chega a se fixar de verdade. Minha vida foi assim por algum tempo. Tanto, que aos 28 anos, tinha acumulado dezesseis mudanças no currículo. Felizmente, de algumas eu nem lembro, mas lembro perfeitamente que em determinada fase da vida, não cheguei a passar nem seis meses num lugar. O fato é que, de repente, tudo se estabilizou e eu passei dez anos inteirinhos em um mesmo lugar. Até essa semana. Essa semana, mais precisamente segunda-feira, foram uns moços fortes lá em casa e empacotaram absolutamente tudo o que acumulei até hoje em questão de horas. Se por um lado fiquei impressionada com a eficiência, por outro me fez pensar na impermanência da coisa.

De repente, tudo o que eu juntei, comprei, colecionei, dobrei, trabalhei, escrevi, vesti, recortei e organizei foi parar em um punhado de caixas pardas, todas iguais, firmemente fechadas com fita adesiva grossa. Para diferenciá-las, só umas letras apressadas com informações vagas como “quarto menina” ou “cozinha”.

Olhei as paredes nuas e o chão vazio e tentei, com toda força, lembrar do que a minha irmã havia dito: “parede não tem memória, Ana. Coisa boa, a gente guarda aqui, ó. No coração.” Ela tem toda razão, mas e pra pôr em prática? Fiquei ali, lembrando da minha filha pequena, do primeiro dia na escola, da primeira festa junina, da primeira amiguinha; dos aniversários, da minha festa de trinta anos; lembrei de quando fiquei grávida do meu filho, de quando chegamos da maternidade; do tempo que minha mãe passou conosco, da minha separação, de mudar todos os móveis de lugar e de refazer a vida ali, com as crianças. É verdade que paredes não guardam lembranças, mas aquelas testemunharam um bom pedaço da minha vida. Impossível ficar indiferente, pelo menos para mim. Só que, mais cedo ou mais tarde, todo mundo muda e eu também mudei. Ou estou mudando. Nos dois sentidos.

Impulso feminino

Estou aqui, arrumando o ninho e já volto.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Outra chance


_ E então, filho? Mais uma chance de dizer o que quer no Dia das Crianças.
_ Hmmm... já sei!
_ Ah, que ótimo. E o que é?
_ Um pára-quedas.
_ Não pode ser, filho.
_ E por que não?
_ Porque não há pára-quedas à venda.
_ Dããããns. E as pessoas que usam, compram onde?
_ Filho, entenda, pára-quedas não é uma coisa que a gente possa comprar por aí.
_ Por que não?
_ Porque é perigoso.
_ Mas eu prometo que pulo baixinho.
_ Pior ainda. E tem mais: você só vai poder pular de pára-quedas quando tiver juízo ou quando eu morrer, o que acontecer primeiro. Não tem mais nada que você queira? Alguma coisa mais apropriada para a sua idade?
_ Hmmm.... tem!
_ E o que é?
_ Um lança-chamas.
_ Filho, eu não vou te dar um lança-chamas.
_ E por que não?
_ Primeiro, porque é uma arma horrível e violenta. Depois, porque também não tem lança-chamas pra vender por aí.
_ Mas eu ia usar pra te defender, mamãe.
_ Tá bom, filho. Sua intenção é muito nobre, mas eu acho que dá pra você me defender com recursos menos radicais. Alguma outra coisa?
_ ....
_ Pôxa, filho. Não é possível que não tenha mais nada.
_ Tem uma coisa.
_ E o que é?
_ Um extintor de incêncio. Mas pra fogo elétrico, tá?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Infestação

Falar do clima é uma coisa muito chata. Tem chavão maior do que entrar no elevador, dar um “bom dia” amarelo e, sabe-se Deus porquê, emendar um “calor, né?” Francamente! Vamos combinar que se você vive na mesma cidade que a criatura que está ao seu lado, não há outra resposta possível além de “é”. Preciso confessar que no meu bom humor matinal infinito, muitas vezes tenho vontade de responder com “calor? Não tô achando. Aliás, tô até achando fresquinho. Deve ser porque cortaram sua eletricidade por falta de pagamento e você ficou sem ventilador, não?”, mas nunca cheguei a tanto. Ainda.

Só que São Paulo está impossível: esquenta, esfria, esquenta, esfria, esfria, esfria, ferve, esfria pra caramba, tudo no mesmo dia. Não há quem agüente (talvez haja, mas não é meu caso). Hoje, por exemplo, as mesmas pessoas que estavam de casaquinho pela manhã, bufavam seminuas na hora do almoço.

Na última noite de calor dos infernos – que foi ontem, se não me engano – houve uma infestação daqueles malditos insetos voadores sem noção, que entram pela janela quando anoitece e ficam rodopiando em torno das lâmpadas. Não contentes, eles descem começam a tentar penetrar nos orifícios mais improváveis de gente séria e trabalhadora, que está tentando ganhar a vida honestamente.

Não eram nem sete horas quando o ataque começou. Um, dois, duzentos. Uma infestação. Indefesas, as pessoas começaram tentando se esquivar discretamente. Em pouco tempo, mandaram a classe pro inferno e partiram para a luta franca, na tentativa de proteger suas partes mais íntimas. Em vão. Eu mesma acho que engoli um ou dois sem querer, por mais que tenha tentado manter a boca fechada. Mas eles não perdem por esperar. Ah, não perdem, não.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Pequenos estratagemas femininos

Em tempos em que as pessoas passam mais tempo diante dos próprios computadores do que de outros seres humanos, fica cada vez mais comum fazer virtualmente coisas que antes fazíamos presencialmente. Exemplos evidentes são compras de natal, supermercado, presentes de aniversário e casamento, passagens aéreas e... relacionamentos. Que atire o primeiro mouse sem fio quem nunca nem tentou, nem por curiosidade, dar uma olhadinha em um site de relacionamento, nem que fosse só pra ver como era e tirar um sarro de quem estava lá, na maior seriedade, tentando ser feliz.

Tudo isso só pra dizer que, hoje em dia, não é raro pessoas conhecerem outras pessoas sem as “conhecerem” de fato. Eu explico. Antes, todo mundo vinha com referência (o que não era garantia de nada, mas acalmava o espírito.). “Ah, o fulano é amigo do Paulão, sabe? Aquele, que é primo do meu tio.” “A Fulana? Ah, uma moça ótima. Conheço há muitos anos. Joga biriba com minha avó toda quarta à noite.”

Hoje, a moça conhece o moço numa sala de bate-papo ou num site de relacionamento, trocam um punhado de e-mails, passam para o MSN, evoluem para o telefone e finalmente, depois de tempos que variam entre duas horas e dois meses, dependendo do caso, marcam um encontro real. Geralmente um café, que é pra não durar muito se um ODIAR o outro.

Pois é. Só que em tempos de “encontros às escuras”, tornam-se necessárias algumas precauções, apenas para garantir a segurança das partes envolvidas.

Trim, trim....
_ Alô?
_ Ana?
_ Eu.
_ Oi, é sua amiga.
_ Ooooooooooooiiiiiii, querida. Tudo bem?
_ Tudo. Sabe o que é? É que eu vou encontrar um moço no sábado à noite e... dava pra você me ligar lá prumas dez?
_ Claro, sem problema. Já vou deixar o celular programado.
_ Ok. Depois te mando os dados por e-mail.

Tudo entendido. Quando uma moça sai com alguém que ela nunca viu antes, ela SEMPRE passa o que sabe do sujeito para uma amiga. E a amiga (ou amigas, porque pode ser necessário mobilizar mais de uma), liga no horário combinado e nem um minuto a mais, para saber se está tudo OK.

Trim, trim....
_ Querida?
_ Oi, Ana.
_ E aí? Tá tudo bem?
_ Ah, tá.
_ Precisa de resgate?
_ Não. Tô aqui com o Praxedes... lembra, que eu comentei dele?... no Grão Café. Posso te ligar depois?
_ Pode. Tchau.

Sinal de que está tudo bem. Adicionalmente, o Praxedes já fica avisado que alguém sabe quem ele é, com quem está e aonde.

Se houver qualquer traço de hesitação, por menor que seja, várias coisas podem acontecer:

1- A amiga ligar de novo, depois de 10 ou 15 minutos, pra saber se está tudo bem MESMO.

2- A amiga pedir pra outra amiga ligar em 10 ou 15 minutos para ouvir uma segunda opinião. Aí, a amiga que ligou depois liga para a amiga que ligou primeiro, as duas discutem a situação da terceira amiga e, dependendo da conclusão, rezam três Aves-Marias e um Pai-Nosso pelo sucesso do encontro.

3- A amiga que ligou primeiro enfiar uma sirene no carro, passar na casa da amiga que ligou depois e saírem em desabalada carreira rumo ao local do encontro, para simular um encontro casual e, assim, salvar a amiga número três do encontro desastrado.

4- A amiga que ligou primeiro ligar diretamente para o celular do Praxedes (ela recebeu os dados por e-mail lembram?) e simular um seqüestro telefônico para que a amiga que está em maus lençóis tenha a chance de fugir.

5- Há, ainda, a solução clássica: a própria vítima do encontro desastrado, aproveitando o telefonema no horário combinado, arregala os olhos, leva a mão ao peito e diz, com voz embargada: “o quê?! Oh, não! É mesmo? Tô indo já praí!” E sai, em desabalada carreira, sem nem se dar ao trabalho de dizer ao Praxedes o que aconteceu.

6- Finalmente, há o método nu, cru e peladão, reservado apenas para emergências porque mulher não é disso. É um pouco rude, sem dúvida, mas é definitivo. Consiste em olhar o Praxedes bem nos olhos e dizer: “quer saber? Me enganei. Você é chato pacas. Adeus!”

Se os homens entendem todo o racional desse pequeno estratagema feminino? É claro que não. Aliás, não só não entendem, como acham que é “coisa de adolescente”, como chegou a afirmar um representante do rol dos recentemente dispensados. Mas que funciona, funciona. E a mulherada usa, sim. Usa e se orgulha. E podem estrebuchar à vontade que a gente nem liga.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Enquanto isso, no leste europeu...

Crianças absorvem tudo.

Por causa de um vídeo game, meu filho aprendeu que há lugares como Peru, Bolívia, conhece a bandeira do Nepal e outro dia, me disse que queria morar no Cazaquistão.

_ Mas, filho! Logo no Cazaquistão?! É tão longe...
_ E daí?
_ Daí que eu vou morrer de saudade.
_ Dãããns! Você vai comigo, né, mamãe?
_ Mas e a sua irmã, e a babá, e a vovó, e o meu trabalho...?
_ Ah, eles podem ir também.
_ Mas mudar de país não é fácil, meu filho. Tem que se programar, juntar dinheiro, aprender o idioma.
_ Mas eu sei falar a língua do Cazaquistão!
_ Ah, sabe, é? Então fala aí pra eu ver.
_ Qjnrd ogun flvnfiv kcbv lifu gilfbvfçfgjn jkvc, viu?
_ Não entendi nada.
_ É assim mesmo, mamãe. Eu também não entendo quando eles falam.


_ Mamãe?
_ O que foi, meu filho?
_ Meu amigo não foi à escola hoje.
_ É mesmo? E por quê?
_ Porque o pai dele bateu o carro e está no hospital.
_ Que horror, filho! E foi grave?
_ Parece que sim. A professora estava dizendo que foi traumatismo ucraniano.

Força de expressão

Eu tenho simpatia por rugas. Não que seja entusiasta do estilo maracujá de gaveta, nem que ache que as pessoas devam abrir mão de se cuidar. Muito pelo contrário. Mas creio que as rugas digam muito sobre a vida. Basta olhar um rosto um pouco além dos quarenta para saber sem falar, sem conversar, sem nem conhecer, como é a pessoa.

As famosas rugas de expressão marcam justamente o quê? As expressões, ora essa! Assim, uma pessoa sisuda, preocupada, terá sulcos profundos ente os olhos, na linha da sobrancelha e outros tantos vincando a testa. Já alguém que tenha o hábito de rir muito, terá marcadas as linhas laterais entre o nariz e a boca (o famoso “bigode chinês”) e também, inevitavelmente, marcas finas nos cantos dos olhos.

A vida maltrata, eu sei. Testa ao extremo até o mais otimista dos otimistas, mas confesso que tenho uma empatia imediata por pessoas que mostram no mapa do rosto que já sorriram muito.

Outro dia, estava me olhando no espelho e descobri algumas coisas sobre mim...