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quarta-feira, 23 de abril de 2008
Agora você pode!
terça-feira, 22 de abril de 2008
Verdade seja dita
Pela manhã, no carro, a caminho da escola, esperando o farol / sinal / semáforo / sinaleira abrir.
_ Ih, filho, olha lá! O moço do jornal! Será que a gente consegue pegar um?
_ Consegue, mamãe. Eu estou torcendo.
_ Moço! Moço! Aqui, por favor.
_ Aqui está seu jornal. Bom dia, minha jovem.
_ Qual é o problema, filho?
_ Muito engraçado o moço do jornal chamando você de “minha jovem”.
_ Por quê?
_ Kkkkkkkkkk! Kkkkkk! “Minha jovem”! Kkkkkk!
_ Qual é o problema, moleque?
_ São dois problemas, mamãe. Primeiro, porque você não é “dele”. Segundo, porque você não é jovem.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Toy what?
O divertido de trabalhar com publicidade é isso: a gente acaba tendo contato com algumas coisas esquisitas antes das pessoas normais. A última moda (nem é tão “última" assim. Pelos meus cálculos, já tem mais de um ano) são uns monstrinhos caríssimos de plástico injetado que os adultos cool chamam de Toy-art.
Com isso, milhares de adultos cool no mundo inteiro estão voltando à primeira infância e enlouquecendo com seus “toys”.
Outro dia, chegou uma caixa para um amigo meu.
_ O que é? O que foi? É um iPhone? Um acelerador de partículas?
_ Não, Ana. É um bonequinho de Toy-Art que eu mandei trazer do Japão.
_ Puxa!... do Japão? Deve ser um estouro.
_ E é. Mal posso esperar para abrir.
_ Então abre, ué.
Ele abriu e eu fiquei ali, olhando, tentando entender que parte eu tinha perdido. A verdade é que desde a época em que eu fazia cinzeiros de argila na escola, eu não via uma coisa tão esquisita.
_ Como assim?
_ O que ele faz? _ insisti. _ Ele dança, pisca, acende alguma luz, recita Shakespeare, tira a temperatura?
_ Não, Ana. É só assim mesmo.
_ Só assim?
_ É. Não é lindo?
_ E você mandou trazer “isso” do Japão?
_ Mandei.
_ Pra quê?
_ Porque eu coleciono, ué.
_ Você coleciona monstrinhos esquisitos de plástico? Mas você nem tem filhos...
_ Não é pra criança, Ana. É para adulto. E não é um monstro de plástico _ concluiu ele, magoado. _ É Toy-art!
A vida pode ser dura quando a gente entra precocemente na adolescência... Outro dia, saí para almoçar com outro amigo, perto do trabalho.
_ Ok
Paramos e depois de uns dez minutos, acompanhei-o até o caixa. Na saída, perguntei:
_ É que eu coleciono, Ana.
_ Coleciona, mas não pode escolher?
_ É. São “blindboxes”.
_ “Blindboxes”; sei... E se você odiar? E se vier repetido?
_ Eu não vou odiar, mas se vier repetido, eu tento trocar com alguém.
_ Mas e se ninguém quiser trocar com você? E se o troço for feio de doer?
_ Ah, mas querem, sim. Há muitos encontros de colecionadores de Toy-Art por aí.
_ Sei... mas você não pode nem dar uma espiadinha na loja?
_ Hum-hum.
_ A moça não deixa?
_ Não é que não deixa, Ana. É que não é o espírito, entende?
_ Ele não trabalha mais aqui.
_ Mas é um brinde do IG pra ele.
_ Deixa comigo _ disse logo alguém, animado.
...
_ Gentennnn, que show, que maravilha, que sensacional! Era tudo o que eu queria!
_ O que é? Um cruzeiro de navio? Uma viagem de balão? _ perguntei, ansiosa. _ Porque se for, eu vou ligar djá pro Gastón e avisar.
_ Muito melhor que isso, Ana! Olha só.
_ Que horror! Que sacanagem! O que é isso, pelamor?
_ É o du_k, Ana, um Toy-art exclusivo. Ele é numerado e só existem mil iguais a ele. Mil no mundo inteiro! Ele vem com certificado de autenticidade e é disputadíssimo!
_ Disputadíssimo por quem?
_ Por todo mundo, Ana! Em que planeta você vive?
_ Acho que no planeta errado.
_ Ó: e nem adianta botar o olho grande em cima porque esse vai ficar pra mim, entendido?
Tendências...
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 6. Final
Terça-feira, dois de abril, 18h30.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 5
Terça-feira, dois de abril, 14h30.
_ De novo?
_ É que o médico precisa consertar o seu nariz.
_ Mas ele já tá bom, ó!
_ Filho, pelamor, não cutuca! O doutor precisa operar seu nariz pra ele ficar retinho de novo e você poder respirar direito..
_ Operar? Radicaaaaal!
_ Escuta a mamãe: a gente vai daqui a pouco, você vai ficar em um quarto e...
_ Um quarto? Só pra mim?
_ É.
_ Com TV?
_ Com TV.
_ Com cama legal também, filho.
_ Uaaaauuu!
_ Mas presta atenção: mais tarde, o médico vai dar um remedinho pra você dormir e vai arrumar o seu nariz. Quando você acordar, já vai estar tudo no lugar, tá?
_ Tá. Só tem um problema.
_ Qual, fillho?
_ Vai dar tempo de eu assistir os Backyardigans?
_ Não sei, mas se não der, eu prometo que gravo, tá?
_ Tá. Mamãe, eu queria pedir uma coisa.
_ O que você quiser, filho.
_ Posso ir de helicóptero?
_ Pra onde?
_ Pro hospital, ué!
_ Nem morto. Dá pra pedir outra coisa?
_ Posso ir de ambulância?
_ Não. Próximo pedido.
_ Você fica comigo?
_ Sempre, meu amor. Sempre.
terça-feira, 8 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 4
Terça-feira, dois de abril, 10h30.
Trim, trim, triiiiiim.
_ Alô?
_ Dona Ana Téjo?
_ Sim...
_ Bom dia, eu sou o Dr. Cássio, otorrinolaringologista. Eu estou aqui, atendendo seu filho, o Montanha, com a avó dele.
_ Sei.
_ Olha, tá tudo bem, viu? Eu quero que a sra. fique muito calma.
(Pronto. Lá vem.).
_ É que o Montanha fraturou o nariz ontem, não foi?
_ Foi.
_ Eu analisei os exames dele e... eu vou querer operar o seu filho.
_ Operar?! Justo o MEU filho?! Tanta criança no mundo pro senhor operar e tem que ser justo a minha?! Até porque, o médico ontem disse que...
_ Eu sei, mas pela tomografia, ele está com um desvio importante*. Se a gente não reduzir a fratura, ele vai ficar com o nariz torto e pode ter dificuldade de respirar.
_ Ele já está com dificuldade de respirar.
_ Pois é. Mas a senhora pode ficar tranqüila que é um procedimento** muito simples. Eu poderia até fazer aqui, no consultório.
_ O sr. vai fazer no consultório?
_ Então... não vou. Embora eu “pudesse” fazer no consultório, vai ser muito melhor pra ele se a gente fizer no hospital.
_ Sei...
_ Com anestesia.
_ Naturalmente.
_ ... geral.
_ GERAL???????? ANESTESIA GERAL? VAI TER QUE ENTUBAR O MEU FILHO?
_ Vou, mas é uma coisa simples.
_ Simples???????? Eu assisto "Discovery Home & Health", doutor. E "Plantão Médico"! Eu SEI que não é simples.
_ Eu não vou usar nem bisturi. Não vou ter que cortar nada. Vou simplesmente enfiar uma pinça no nariz dele, puxar a cartilagem que está fora do lugar para cima e recolocá-la
_ ...
_ Dona Ana?
_ T... tô aqui. Q...quando?
_ Eu estava pensando em fazer hoje, às cinco e meia. Ele internaria as três e meia e teria alta provavelmente amanhã. Precisa fazer jejum a partir de agora, por causa da anestesia.
_ Hoje?! Amanhã? Mas por que tão cedo? Não pode ser no fim de semana? Eu não estava preparada e...e eu estou no trabalho e... buááááááá!
_ Fica calma, dona Ana. O quanto antes melhor. É que depois de 24 horas, a fratura começa a calcificar e se deixarmos para o fim de semana, eu vou ter que quebrar o nariz dele novamente pra colocá-lo no lugar. A senhora prefere?
_ ...
_ Dona Ana?
_ ...
_ Dona Ana, a senhora está aí?
_ ...
* “importante” é a palavra preferida pelos médicos quando querem dizer séria, grave ou aguda.
** “procedimento” é o termo que os médicos usam quando querem dizer que vão deitar você ou alguém que você gosta em uma cama, deixar a criatura desacordada e mexer muito nela.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 3
Segunda feira, primeiro de abril, 22h50.
_ Moço, o resultado da tomografia já chegou?
_ Eu acho que não, senhora.
_ Que tal você dar uma olhada, só pra gente ter certeza?
_ Quando o resultado chegar, ele será encaminhado diretamente ao médico e ele chamará o paciente pelo nome, senhora. É só aguardar.
_ MAS A GENTE JÁ ESTÁ AGUARDANDO. DESDE AS OITO DA NOITE. ELE FEZ ESSA TOMOGRAFIA HÁ CINQÜENTA MINUTOS. CINQÜENTA! E O PACIENTE, SÓ PARA ESCLARECER, É UMA CRIANÇA DE SEIS ANOS RECÉM-COMPLETOS. QUE ESTÁ CANSADA, E ESGOTADA, E COM DOR E...
_ É aquele menino ali?
_ Ele mesmo.
_ Aquele que está cantando?
Algum tempo depois:
_ Senhor Montanha Téjo!
_ Vamos, filho. Somos nós. Finalmente.
No consultório:
_ A senhora é a mãe dele?
_ Sou. E essa aqui é a avó dele.
_ Sei; e como foi que isso aconteceu?
_ Ah, aconteceu acontecendo, ué! Ele estava correndo e caiu. Do chão mesmo. Nem estava em cima de nada.
_ Entendo... eu examinei as tomografias e... ele quebrou o nariz.
_ Quebrou? O nariz? Esse narizinho lindo?
_ Esse mesmo.
_ E agora? O que eu faço?
_ Nada.
_ Comassim, “nada”?
_ Não há o que fazer. Não foi uma fratura muito grave, não houve afundamento nem nada. A senhora deve observar, fazer compressas com gelo, se ele permitir, e lavar com Rinossoro.
_ Eu passei Hirudoid, para não ficar roxo.
_ Ok.
_ Mas e se doer?
_ Se doer, a senhora dá o analgésico que ele costuma usar.
_ E se continuar sangrando? Faz quase cinco horas que ele caiu e...
_ Vai parar de sangrar logo, senhora.
_ Mas e se não parar? E se ele não conseguir respirar?
_ A senhora deixa a cabeça dele meio alta essa noite.
_ Mas nem um band-aid do Bob Esponja?
_ Não é preciso, senhora.
_ Mas e se... e se...
_ Amanhã, só por segurança, a senhora marca uma consulta com um otorrinolaringologista para avaliação.
_ E até lá eu não faço nada?
_ Nada. Depois, quando desinchar, a senhora marca uma avaliação com um plástico para verificar a necessidade de uma cirurgia corretiva.
_ Cirurgia???
_ Mas não deve ser necessário. Fique tranqüila.
_ E por hoje eu não faço nada, não passo nada, não dou nada?
_ Nada.
_ Então tá. Vamos, filho.
_ Tchau, palmeirense.
_ Palmeirense é a vovozinha!
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 2
Segunda feira, primeiro de abril, 22h00.
_ Agora, deita e fica como uma estátua, tá, filho?
_ Tá.
_ Não pode mexer nada, tá?
_ Hum-rum...
...
_ Úia, mamãe! Por que o moço tá colocando essa armadura irada em você?
_ Pra me proteger dos raios gama-laser-criptonita do portal dimensional.
_ Uaaaaaaaaaauuu! Ele vai colocar uma em mim também?
_ Não, porque é você quem vai entrar no portal, entendeu? Se ele colocar, você não passa pra outra dimensão.
_ Ahn... entendi.
_ Mas, ó: tem que ficar estátua, viu, filho? E de olhos fechados.
_ Por quê?
_ Porque se você abrir os olhos, o portal não consegue enxergar dentro do seu cérebro.
_ Exatamente. Como é que você sabe?
...
_ Mamãe...
_ Estátua, filho.
_ Mas o meu nariz tá coçando.
_ Mas não dá pra coçar agora.
_ Então coça pra mim?
_ Não posso, filho.
_ Por quê?
_ Porque se eu coçar, vai aparecer a minha mão dentro do seu cérebro, na outra dimensão.
_ Uaaaaaaaauuuuuuu! Radical.
...
_ Mamãe?...
_ Estátua, filho.
_ Eu já estou na outra dimensão?
_ Quase, por quê?
_ Porque eu não tô sentindo nada.
_ É assim mesmo, filho. Fica quieto.
...
_ Mamãe?
_ Estátua, Montanha, pelamor...
_ Muito chato esse negócio de portal dimensional, viu?
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Percalços no cume, parte 1
Segunda-feira, primeiro de abril, 18h10.
Trim, trim, triiiiim!
_ Alô?
_ Alô, filha?
_ Oi, mãe.
_ Olha, tá tudo bem, viu? Fica calma.
Pausa para comentário:
Até hoje não entendi porque, em nome de Deus, sempre que alguma coisa não está bem, as pessoas dizem: “ó, tá tudo bem, viu? Fica calma.” Como se a gente se enganasse... Essa frase é uma senha para o coração disparar, a boca ficar seca e a gente começar a hiperventilar quase instantaneamente.
_ Mãe, o que aconteceu?
_ Então... o Montanha caiu.
_ Caiu? De onde?
_ Do chão mesmo.
_ Mas ele tá bem?
_ Er... tá. Quer dizer... tá.
_ Mãe, o que foi?
_ É que ele está chorando muito e querendo você. E o nariz dele tá sangrando.
Fui pra casa correndo o que,
_ Tem algum paciente sangrando?
_ Tem, sim, o Montanha aqui!
Furamos a fila do atendimento, mas não a da tomografia. Duas horas depois, finalmente um enfermeiro veio buscar uma criança cansada, inchada e levemente sanguinolenta. De cadeira de rodas.
_ Uhúúúú! Radical! Olha, mamãe, eu na cadeira de rodas!
_ Tô vendo, filho.
_ Dá até pra fazer umas manobras, olha só!
_ É melhor a senhora pedir pra ele descer. Se a cadeira cair, ele pode se machucar... mais.
_ Filho, escuta o enfermeiro.
_ Hein?
_ Desce já daí, menino, não é porque a gente tá no pronto-socorro que você vai querer fazer um tour pelas especialidades, né?
_ O que é tour? O que são especialidades?
Na sala da tomografia:
_ Caramba!!! Radical, sensacional, um portal dimensional, mamãe, olha só!
_ Tô vendo filho.
_ É aqui que eu vou fazer o exame?
_ É.
_ E o que é que eu vou fazer?
_ Você vai deitar aí, ficar feito uma estátua e aquele moço que você não está vendo ali, atrás daquele vidro, vai ligar o portal dimensional para olhar dentro da sua cabeça.
_ No meu cérebro?
_ É.
_ Uaaaaauuu! Radical! Ele vai ler meus pensamentos, mamãe?
_ Eu espero que não, filho. Sinceramente, eu espero que não.