_ Mamãe, o que você trouxe pra mim da viagem?
_ Bem, filha, como foi só uma semana, eu trouxe só um presente. Essa camiseta aqui, ó.
_ Essa aí? Ah... tá.
_ Você não gostou?
_ É... gostei... não tem mais nada?
_ Na verdade, tem. Tem um Bem Casado que eu trouxe do casamento do seu primo.
_ Mamãe, um Bem Casado!!! Eu AMO Bem Casados. Obrigada, mamãe, muito obrigada.
_ De nada, filha.
_ Aliás, quer saber? Quando eu crescer, quero ser uma Viúva Negra.
_ Credo, filha! Você sabe o que é uma Viúva Negra?
_ Dãããns! Claro que sei. É uma aranha que mata o macho logo após o casamento.
_ E por que você quer ser uma Viúva Negra, pelamor?
_ Para poder casar muitas vezes e comer muuuitos Bem Casados.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
O cúmulo do desejo
quinta-feira, 12 de junho de 2008
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Os seus, os meus e os nossos ex
Meu ex-marido tem duas ex-mulheres e um punhado de ex-namoradas. Meu namorado também tem duas ex mulheres e várias ex-namoradas. Eu tenho um ex-marido, um namorado e alguns ex-namorados, muitos dos quais com ex-mulheres e todos, sem exceção, com ex-namoradas.
Com tanta gente envolvida, mesmo em uma cidade como São Paulo, onde uma pessoa é capaz de passar a vida inteira sem nunca rever um amigo de faculdade, parece inevitável encontrar a atual de um ex ou a ex de um atual.
Há quem goste, mas eu acho muito constrangedor.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Os Cuecas
Cuecas são os membros pertencentes à classe dos meninos que se interessam pelas nossas filhas e que, geralmente, estão infinitamente aquém do que imaginamos como minimamente adequado para elas. A escola costuma ser o primeiro reduto de “Cuecas” com o qual uma mãe tem que se confrontar.
“Você já ouviu falar em pente?”
“Isso no seu cabelo... sai?”
“Jura por Deus que você se olha no espelho antes de sair de casa e fala: tô bonito?”
“O que é esse rombo na sua orelha, pelamordedeus? E por que você enfiou a carretilha da máquina de costura da sua avó nele?”
“Sua mãe bem que podia comprar cadarços pra esses tênis, né?”
_ E aê, tia?
_ Filha, por que eles são assim?
_ Ué, mamãe. Porque são.
_ Mas por que eles não são bonitinhos, perfumadinhos e penteadinhos?
_ Porque ia ser ridículo.
_ Mas o Felipe é bonitinho, perfumadinho e penteadinho e não é ridículo.
_ Mamãe, você não vê o Felipe desde a terceira série.
_ E...?
_ E ele mudou, mamãe. Mudou muito.
_ Mudou?
_ Ô.
_ Quer dizer que aquele menino bonitinho, perfumadinho e penteadinho...
_ Tá com o cabelo quase no meio das costas, usa piercing na sobrancelha e brinco de argola. Ah, e acho que não usa desodorante.
_ Pelamordedeus...
Uns dias depois, vi esse casalzinho na entrada da escola. Ele, uns 16. Ela, uns 14. Ele, recostado na mureta, cabelos úmidos precisando desesperadamente de um corte, pernas abertas, enlaçando a menina pela cintura. Ela, de cabelos compridos jogados para a frente e grandes brincos de argola, apoiada languidamente nele, ora consultando o estado do cabelo num espelho próximo, ora beijando o sapo, digo, o príncipe. Beijocas e mais beijocas; centenas delas. Lembrei na hora dos olhos horrorizados da minha mãe quando viu alguns dos meus namorados e da maldição: “Você me paga. Você vai ver!”. Tô pagando, mãe. Ô, se tô. Mas sua neta também me paga. Ela vai ver.