A vantagem do segundo filho é que a gente relaxa muito porque já viu que, de uma forma ou de outra, eles sobrevivem. A verdade é que filhos são muito mais resistentes do que se imagina. Com o primeiro, a gente acha que a primeira queda do berço é morte certa. Quando o segundo cai do berço, a gente dá um band-aid e manda parar logo de chorar.
O segundo filho não tem álbum do bebê (ou, se tem, é incompleto);
O segundo filho tem menos fotos;
O segundo filho não tem gravação da primeira troca de fraldas, da primeira banana, do primeiro dente, do primeiro tombo, da primeira vacina... até porque, mesmo que seja pra ele; para os pais, aquilo não é mais "o primeiro";
O segundo filho aproveita os livros e, muitas vezes, as festas, do irmão;
O segundo filho ganha um monte de roupas de segunda mão, independentemente do sexo;
O segundo filho raramente tem uniforme de escola novo;
O segundo filho tem uma porção de brinquedos "reciclados", como aquele ursinho pulguento de um olho só que o primeiro filho mui generosamente cedeu;
As mamadeiras do segundo filho são esterilizadas por muito menos tempo (quando o são);
Ninguém sai correndo para ferver a chupeta do segundo filho quando ela cai no chão;
O segundo filho não é levado às pressas para o pronto-socorro quando come uma minhoca;
O segundo filho já nasce sabendo que não é o centro das atenções;
A pediatra do segundo filho não é acordada de madrugada quando ele vomita;
Nem quando ele tem febre;
Nem quando ele cai do berço.
Em compensação, o segundo filho:
É sempre o bebê da casa;
É mimado por todo mundo;
É sempre defendido por ser "o pequeno";
É criado com mais liberdade;
Ganha a chave de casa muito mais cedo;
Vai na esteira das conquistas do irmão;
Sofre muito menos pressão para comer rúcula;
E brócolis;
E mamão;
E peixe;
Divide as atenções;
Sempre pode pôr a culpa no primeiro filho;
Ganha presente de Dia das Crianças por mais tempo porque ninguém quer aceitar o fato de que ele cresceu;
Roi a unha e tira meleca do nariz em paz...
Não sei se o fato de ser a primeira tem alguma relação com isso, mas pesando os prós e os contras, acho que deve ser muito bom ser o segundo filho.