sábado, 22 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
A Declaração
_ Mamãe, eu estou bonito?
_ Tá lindo, filho. Como sempre. Por quê?
_ É que hoje é um dia muito importante. Hoje, eu vou dizer pra Lívia que estou apaixonado.
_ Ué! De novo? Mas você já não disse?
_ Dãããns, mamãe! Todo mundo sabe que as garotas gostam de ouvir essas coisas vááárias vezes.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
O Presente
_ Mamãe, nós temos que comprar um presente para a Lívia.
_ Eu sei, filho. E nós vamos. Pode ficar tranquilo.
_ Quando?
_ Certamente, antes da festa. Você já pensou em alguma coisa?
_ Pensei, sim. Pensei em três coisas. Mas uma, eu já sei que você não vai deixar. Sabe qual é a que você não vai deixar?
_ Qual?
_ A sereia! Pensei numa sereia pra ela porque ela é linda como uma sereia, mas você vai reclamar porque a sereia é muito grande e não cabe na sua banheira. Ou vai reclamar porque não vai dar pra você tomar banho até a festa, né?
_ Bem, eu reclamaria de coisas diferentes, mas você tem razão. Uma sereia está fora de cogitação.
_ Eu sabia! Foi por isso que eu pensei também numa coisa bem pequenininha.
_ O que, meu filho?
_ Uma fadinha igual à Sininho do Peter Pan. Acho que ela ia adorar e cabe até num pote de geleia!
_ É verdade, mas acho que não estamos na época das fadinhas. Eu não tenho visto nenhuma pra vender ultimamente, você tem?
_ Não, mamãe. Não tenho. Que pena...
_ Pena mesmo. Qual era a sua terceira opção?
_ Um arco-íris.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
O convite
_ E então, meu filho? Como foi o primeiro dia de aula?
_ Ah, mamãe, foi maravilhoso. Paradisíaco!
_ Paradisíaco?!
_ É. Eu vi a Lívia. Ela continua linda. Mas isso não foi o melhor. O melhor é que ela me convidou para a festa dela. E ainda escreveu no convite que “sem a minha presença a festa não estará completa”.
_ Nossa! Que legal! Ela escreveu isso com a letra dela?
_ Não, mamãe. Estava com aquela letra do convite mesmo. Aquela que não é feita por humanos.
_ Ah...
_ E sabe o que foi melhor ainda?
_ O quê?
_ Que o Pedro Motta disse que não quer mais namorar com ela. Então, ela vai namorar comigo.
_ É mesmo? Mas que maravilha, filho! E você já falou isso pra ela?
_ Não. Vou falar amanhã. Mas eu não quero filhos, por enquanto.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Comidas que não (me) convencem – parte I I
Eu sou uma pessoa versátil.
Versátil e flexível.
Quase sempre.
Mas como é que uma coisa que não sabe o que é pode ser obra de Deus? Vejam a soja, por exemplo: é um grão? Sem dúvida. Mas um grão que se transforma em leite, queijo, salgadinho, farinha, carne e até hambúrguer! Como é que uma planta pode virar um hambúrguer? E leite??? Não pode ser coisa de Deus. Definitivamente.
É por isso que eu, apesar de conhecer boa parte dos benefícios trazidos pelo seu consumo moderado, confesso que tenho medo. Pronto. Falei.
Comidas que não (me) convencem – parte I
Sei que é preferência mundial e que algumas pessoas praticamente subsistem à base delas, mas eu nunca consegui gostar de verdade de salsicha. Talvez parte disso se deva a uma ou duas dores de barriga memoráveis na adolescência, causadas por consumo exagerado. Ou pelo professor de sociologia do meu ex-marido, que dizia que “quem gosta de salsicha e de política não deve perguntar do que são feitas.” e ainda que “a diferença entre uma boa salsicha e uma má salsicha é a qualidade do jornal usado na sua fabricação.”
Já tentei das marcas mais populares, às mais aclamadas. Provei de peru, de frango, de pernil, de lombo, da branca e da vermelha, com e sem especiarias, com e sem pimenta, com e sem massa em volta, à milanesa, num boteco, pra provar que não tenho medo de nada e até – pelo menos, foi o que me juraram – sem jornal. Não funcionou.
Nem com purê, nem com batata palha, em com molho de tomate acebolado, nem com mostarda e catchup num pão bem molinho. Com maionese, nem pensar. Nem no sanduíche, nem na salada.
O engraçado é que tem gente que não se conforma e tenta a todo custo me convencer a abraçar a causa da salsicha. E eu, pra não parecer chata, disfarço e filosofo: bendita seja a diversidade humana que permite que pessoas estranhas como eu vivam anonimamente, sem despertar suspeitas.
Também tem gente mais louca que eu – graças a Deus! – que, apesar da tinta – porque as salsichas são todas pintadas, não vá dizer que você não sabia!!! – e do jornal, consegue comê-las diretamente do pacote, sem nem aferventar. Nem um aguinha quente pra lavar parte do não-sei-o-que que vai ali dentro. Essas pessoas são fáceis de identificar: elas têm a área em volta dos lábios meio alaranjada nos momentos improváveis, como na saída do cinema, por exemplo. Depois morrem e dizem que a vida não é justa. Eu, hein?