terça-feira, 19 de maio de 2009

O Primeiro Amor


_ Mamãe, eu estou apaixonado.

_ Comassim, meu filho? Você só tem sete anos!

_ Eu sei, mas estou apaixonado.

_ E quem é ela?

_ A Lívia.

_ E quem é a Lívia?

_ Uma menina da minha classe.

_ E como ela é?

_ Linda.

_ Mas como ela é? De que cor são os olhos, os cabelos?

_ Ela tem cabelos escuros, lisos e brilhantes e uma carinha linda.

_ Sei... e ela é mais alta ou mais baixa que você?

_ Mamãe, isso importa?

_ Bem, na verdade, não. Tô só curiosa, filho.

_ Mais baixa.

_ Sei... e você já falou que gostava dela?

_ Falei que estava apaixonado.

_ JuraporDeus??????????

_ Juro, mamãe.

_ E o que ela disse?

_ Que também estava apaixonada por mim.


... Aí a gente cresce e estraga tudo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mãe que é mãe...

Esse ano, meu filho cresceu e foi para a escola grande, junto com a irmã dele.

Ele estranhou a classe sem brinquedos, o recreio muito curto, a professora que fala sem parar e a quantidade de lição de casa. Eu estranhei o fim das festinhas de Dia das Mães. Acabaram os cartões toscos, os cinzeiros de argila, os vasos pintados com tinta acrílica, os pregadores decorados...

Não que a escola grandona não faça nada. A comemoração desse ano foi em um cinema (!) na Avenida Paulista (!!), às nove da manhã (!!!) de sábado (!!!!).

Programa: mães e filhos seriam recebidos pelo coral da escola e tomariam café-da-manhã. Depois as mães veriam um filme de mães (“Eu Odeio o Dia dos Namorados”!) e os filhos veriam um filme de filhos. Confesso que não entendi nada. Qual é o sentido de comemorar o Dia das Mães separada do filho? Conversei com meu filho e resolvemos pular.

Acordamos no sábado e tomamos nosso próprio café-da-manhã, sem cinema nem coral, mas com morangos, leite com chocolate e pão de queijo, na nossa própria cozinha.

De repente, ouvimos música vinda da escola vizinha à minha casa e fomos os três para a janela. Eram os pequenininhos da pré-escola, agrupados em círculo, cantando em português e em inglês para um bando de mães emocionadas.

É claro que eu chorei. Mesmo da janela; mesmo sabendo que a festa não era pra mim; mesmo sem conhecer uma única criança; mesmo nunca tendo entrado naquela escola. Chorei porque mãe é um bicho que chora em festas genéricas de Dia das Mães. Para sempre.