quinta-feira, 5 de março de 2009

O chato

Em todos os lugares tem um chato. Chatos de diversos estilos e modelos, sempre prontos pra desequilibrar a frágil harmonia dos lugares.


Meu chato de hoje, estava na piscina, às sete da manhã.


Escolhi a natação como esporte justamente porque é uma coisa na qual só dependo de mim e, de touca, óculos e rosto enfiado na água, não dá pra socializar com os outros. Ótimo. A intenção nunca foi essa mesmo.


Mas o chato da piscina não pensa assim. E enquanto o professor explica algumas técnicas simples, finalizando as frases com, “não é?” e “entenderam?” meramente retóricos, o chato faz questão de responder lááááá da sétima raia, pra todo mundo ouvir: “ÉÉÉÉÉÉÉÉ”; “ENTENDI, PROFESSOR”. Quando se dá conta de que todo mundo se vira para conhecer o autor de tanta interatividade, o chato se realiza. Está conseguindo chamar a atenção desejada. Então, mais confiante do que nunca, começa fazer comentários bem humorados – do ponto de vista dele – na seqüência das explicações. Tudo bem alto, pra todo mundo ouvir. Resignados, os demais presentes se concentram em ignorá-lo, mas nem sempre funciona porque poucas coisas na vida são piores que um chato que se sente ignorado. Eu, aliás, só consigo pensar em uma: um chato com bafo.


Bafo é muita deselegância. É muita falta de consideração com o próximo – no caso, próximo mesmo; na mesma raia. Fico aqui pensando: um tubo de pasta de dente custa uns dois reais; uma escova turbinada, pouco mais de cinco. Usado diariamente, depois das refeições, o conjunto dura uns bons três meses. Custa o chato-falador-bafo-de-onça escovar os dentes ou fechar de vez o bueiro?


Só afogando...

3 comentários:

Anônimo disse...

Tadinho do chato...

:(

Ana Corrente disse...

Tirando o bafo, que ng suporta mesmo...Vc ja parou para pensar que tem chatos que o que mais querem nessa vida 'e falar com alguem?Ter atencao de alguem?
Hoje as pessoas quase que nao olham mais para o olho de quem ta ao lado. Aqui em Londres entao a chatisse vem da vizinha que passa por vc e nao da um bom dia mas sabe desconectar o teu frasquinho do meio ambiente do hall do andar, para mais tarde qdo uma pessoa chegar a casa, o aroma que sente 'e o caril nas suas mil e umas variacoes.Ng merece!Essa minha chata mandava de volta pra India se pudesse.

Ana Téjo disse...

Cassio,
Tadinho "dele"??? E de mim/ Não tem nem uma peninha, não? Humpf!

Rosa,
Entendo seu ponto e sei que você tem razão. Mas, nesse caso, por que não procurar um esporte mais "sociável"? Imagina o sucesso que esse chato ia fazer na peteca, no vôlei, na biriba... o problema é que a natação não dá muita margem pra conversa mesmo.
Quanto à sua chata, acho que o jeito é se vingar fazendo um churrasco de picanha na sua casa! Beeeem malpassada.