Tenho acompanhado nos últimos tempos várias amigas chegarem aos quarenta anos. As comemorações variam, mas muitas tem oferecido grandes festas para uma centena de pessoas ou mais, com as músicas que a gente dançava, comes, bebes, flores, garçons e iluminação caprichada. Invariavelmente, as aniversariantes estão esfuziantes a bordo do trio melhor penteado-melhor roupa-melhor maquiagem. As mais abonadas reservam uns três meses antes da ocasião para pequenos retoques, lipos e uma ampolinha de toxina botulínica para amenizar as rugas que começam a dar as caras. Afinal, envelhecer virou pecado mortal e se os cinquenta são os novos trinta, os quarenta são o quê? Os novos vinte? Eu acho que não.
Porque por mais que abundem mulheres de cinquenta que juram estarem muito melhor hoje do que aos vinte, é impossível manter um pique igual sem mil vezes mais esforço. E nem sempre aos quarenta, a gente tem tempo para tanto esforço.
É claro que todo mundo diz que morre de orgulho de cada passo do caminho, de cada dia vivido, de cada conquista e de cada ruga – e é verdade, à exceção, talvez, das rugas – e que não quer, por nada, voltar aos vinte anos.
Só que aos vinte anos, a gente saía, voltava às quatro da manhã, levantava seis e meia e ia para a faculdade como se nada houvesse. Aos vinte, a gente comia lasanha e pizza quatro queijos quando tinha vontade, tomava sorvete com calda, se entupia de chocolate na Páscoa – e no resto do ano – e não engordava. Aos vinte, a gente não usava demaquilante, nem loção tônica, nem um hidratante para o dia e outro para a noite – este último, com ácido para corroer o peso dos anos –, nem filtro solar e tinha pele de pêssego.
Por mais que a gente sorria e celebre não é fácil fazer quarenta anos e quem disser que é, está mentindo. Aliás, ouso dizer que é muito mais difícil hoje. A seu favor, nossas mães não tinham a obrigação de preservar o frescor dos vinte nem a expectativa – geralmente frustrante – de manter o mesmo pique, o mesmo corpo e a mesma disposição.
Eu completo quarenta anos em agosto e estou me preparando com muito cuidado. Não vou fazer lipo, não vou aplicar Botox e provavelmente não vou dar festa porque nunca tenho grana. Para ajudar na aparência, um vestido novo, unhas feitas e um novo corte de cabelo. Talvez me rebele e aprenda a andar de moto para driblar o trânsito de São Paulo. De resto, manter a rotina de sono, a alimentação equilibrada e os exercícios cinco vezes por semana para tentar, em vão, abandonar em alguma esteira os três quilos que vieram morar em mim um ano atrás.
E, não. Esse post não tem conclusão, lição de moral, mensagem otimista ou final engraçadinho. Vou ali tentar lidar com a perturbação e entender esse negócio de fazer quarenta anos e, quando descobrir, eu volto.
16 comentários:
me matei
bj
sem tirar nenhuma vírgula...
os meus chegam daqui oito anos e já penso nele, assim como pensava nos quinze... tomara que eu pense nos 50, 60, 90...
ótimo post!
Tenho que discordar de vc...
Nada pode ser mais chata que a Malu Magalhães, nem mesmo a barriga de uma anoréxica!
No mais...
Só posso dizer que o tempo é ingrato mesmo, mais ainda com nós, mulheres, muito mais ainda com aquelas que são mães!!!
Mas não há de ser nada, talvez, de tanto a gente tentar se manter sempre bela, isso gere uma evolução na espécie e daqui uns 100anos as mulheres consigam ter o mesmo corpinho perfeito dos 20 e a pele de bebê até os 70.
E ainda bem que a gente não vai estar aqui pra ver essa nova geração! Morreríamos de inveja!
Beijo
UrbAnna
Nossa, faz tempo que não dou mais conta de balada, levo dois dias pra voltar ao normal!
manter o pique deve mesmo ser o maior desafio... mas você está mesmo ótima, viu?
Oi Ana!!!
Que bom te ler!!!
Adoro sempre desde quando vc escrevia para o bolsa de mulher (acho que li todas as suas receitas,rsrsrsrs)!
Beijos!!!
1)Ana - você está, cada dia que passa, mais bonita - indiscutivelmente;
2)Também, cada dia que passa, você está mais experiente, mais ponderada, mais sábia e infinitamente mais rica como pessoa - externa e internamente, acredite;
3)Estão para inventar lipos, botoxes, cremes miraculosos, e outros que façam o milagre da mulher madura, não a que tenta não cair, mas a que está pronta para viver a vida plenamente;
4)Aliás, cá entre nós e que ninguém nos leia (rsss) - você é uma mulher cada dia mais vitaminada, proteica, lustrosa, macia e muito mais...;
5)Isso é o que queria dizer de bom;
6)De ótimo, é que sou feliz por ser o homem de uma mulher como você que, além de ser mais do que bonita, é uma guerreira e um ser humano especial.
7)Tenho dito. Quando você for fazer 70, voltamos a falar sobre este tema, caso seja necessário!!!
Clau,
Não faça isso com o mundo!
Isabela,
Eu pensava nos dezoito. Mas era um pensamento diferente. Uma vontade louca de que chegasse logo pra eu poder conquistar o mundo. Continuo tentando...
Anna,
Morrendo de rir aqui.
E adorei a sua tese da evolução. Vamos trabalhar nisso.
Beijão com saudade.
MH,
Ô, se é...
Obrigada, querida.
Danielle,
Olá. bem vinda!
Que legal que você me achou e que bom que gostava das receitas. Agora, você pode ler todos os posts.
Babe,
Obrigada, amor.
Você ilumina minha vida com a sua sensibilidade.
Seu olhar me deixa mais bonita.
Lov,
Me
A alternativa a fazer 40 é pior. Além disso, ninguém morre disso, nem por isso.
E finalmente, but not least, já pensou se vc tivesse um filho de 18anos te chamando de mamãe na fente de todo mundo? Demais pro cerumano. Tô tentando me adaptar.
Bjs Rosana.
Que coisa... estou nessa também. Meus 40 vêm em setembro, e grande parte do que eu previa pra data foi por água abaixo.
Mas sabe o quê? Eu sempre fiz amizade com minhas idades, e rápido. Adorei ter feito 30 e aos 40 só o que me perturba de verdade é o maldito relógio biológico. Fora isso, continuo na árdua batalha de convencer as pessoas que mereço vencer pelo talento, e não pela beleza! :-)
Beijo querida, comemoremos juntas!
Este ano completarei 34, sinto que cada vez mais os "enta" estão próximos, e confesso:
Dá um medinho, uma vontade de parar o tempo...
Rosana, se me permite, Ju, uma correção: filho de DEZENOVE.
(pronto, me vinguei de todas as vezes em que ela me chamou de Mobydick!)
Ana, sempre leio o teu blog e ADORO, especialmente as gracinhas do teu Montanha. :)
Mas sobre esse post, especificamente... a despeito de todas as coisas boas que o amadurecimento traz, e as experiências vividas, e a chatice que somos quando novinhas, achando que somos donas do mundo, blábláblá... como é difícil envelhecer! Nunca pensei que diria isso tão cedo, mas o fato é que estou a pouco mais de um ano dos 30, e estou passando por uma crise ENORME, muito maior que a dos meus amigos e amigas da minha idade.
Agora vc vai pensar: "espere estar a um ano dos 40"... provavelmente estarei ainda pior! rsrsrs.
Mas ainda assim, ler o teu post me deu um alívio de ver que eu não estou freaking out, e que é normal eu parecer uma lesma morta no fim da sexta-feira e não querer encarar nada além de um belo abraço de Morpheu.
De resto, vamos aprendendo a lidar com a perturbação! Se conseguir primeiro, me ensina!
Beijos!
Adorei ler este post na vésperas dos meus 31 q já me traumatizam por não serem apenas 30. Snif!
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