O conceito de "ociosidade negativa" foi desenvolvido em conjunto com um amigo de escola. Não nos vemos há vinte e quatro anos, mas pela vida que ambos levam, dá até para entender porquê.
Por sua complexidade, o conceito de ociosidade negativa só pode ser entendido por adultos. É mais ou menos assim:
Aí você arruma um emprego, sai da casa dos seus pais e quando se dá conta, virou adulto. Junto com o término da infância, nascem montanhas de obrigações, que aumentam em progressão geométrica com o passar dos anos, até que, por volta dos cinqüenta, começam lentamente a diminuir (sem nunca voltar ao ponto de origem).
A ociosidade negativa é a incrível capacidade de um adulto produtivo de ocupar 120% do seu tempo.
Ex.: Você trabalha, faz ginástica de manhã, sai de noite, viaja no fim de semana, almoça com os amigos e acha que está com o tempo bem aproveitado. Aí, nasce seu primeiro filho e você descobre, perplexo, quantas brechas de tempo havia na sua semana, sem que você soubesse.
Com o segundo filho, descobre-se o conceito de ociosidade negativa em sua plenitude. Porque agora, além de trabalho, ginástica, supermercado, feira, curso de extensão, cinema e passeio, você ainda tem que levar e buscar DOIS filhos na escola, no ballet, no judô, no inglês, no médico, no dentista e ler para eles, e comprar um par de tênis por mês, e alimentá-los, e aprender a letra das músicas deles, e decorar a coreografia dos Backyardigans, e cantar junto, e rolar no chão, e passar o sábado no clube, e ir às reuniões das DUAS escolas, e ouvir suas histórias, e dedicar um tempo "de qualidade"... e ai de você se reclamar porque aí, vai passar o resto da vida achando que foi um pai (ou uma mãe) omisso, ausente, obcecado por dinheiro, mesquinho, ditador e pouco compreensivo. Ah, e ainda tem adulto louco, que por cima de tudo isso, insiste em manter um blog e em escrever uma coluna semanal na Internet.
Nas aulas de Física aprendemos que o tempo é uma das poucas grandezas nas quais não se aplica o conceito de negativo. Pura balela. Certamente os físicos dos quais falavam os professores não tiveram mais de um filho, senão não teriam dito uma asneira dessas.
15 comentários:
Quanto mais a gente faz, mais tempo a gente encontra.
O contrário também vale, claro. Quanto menos se faz, menos tempo "sobra" pra fazer o que tem que ser feito...
O pior é que a gente sai fazendo, emendando uma coisa na outra, sem pensar muito, e quando vê, já usou todo o tempo que tinha e o de reserva também.
Só se dá conta quando adoece, por exemplo, e aí as engrenagens têm de funcionar sem você (uma apendicite, por exemplo...).
beijo
Amei o conceito, minha ociosidade já é negativa sem nem ter pimpolhos.
abafa e multiplica por três ok hehehehe
isso que eu chamo de ócio
beijo
E se você tiver três filhos?
Eu bem que tento, mas... tadinha da Dona Patroa...
E pior é gostamos da vida assim. :)
Quando penso nisso, fico com um certo medo de ter filhos....rs
Bjo!
p.s: andei atualizando meu blog. Passa lá.
A parte boa é que sempre vamos nos descobrindo, né!
MH, CLáu, Ana, apareçam lá no meu espaçpo que tem um negocinho pr'ocêis.
Bjs.
Ah, o convite é extensivo a todos, hein! bjs.
MH,
Preciso repensar minhas estratégias. Eu procuro, procuro e não acho o tal do tempo.
Clau,
Estou com uma gripe de um mês que não passa de jeito nenhum.
Juliana,
Sem querer desanimar, tende a piorar.
Morg,
Já me cadastrei como cobaia num programa de clonagem. Vamos ver se eu aguento até o clone ficar pronto.
Adauto,
Pelamordedeus!
Cassio,
Gostamos?
Re,
Até eu, que já tive os meus, fico com medo...
Vou lá te ler.
Vivi,
Descobrindo e desgastando. Afff!
Vou lá. Juro que vou.
Tempo???Nossa...sei que sou "xófen", sei que ainda tenho muita coisa pela frente...Mas esse negocio de tempo é mesmo complicado..
Eu por exemplo, me pego as vezes intacta...sem saber por onde começar...
Tão jovem...mas já me sinto "engolida" por esse mar de responsabilidade...
beijos
:)
Sim gostamos.
Podemos reclamar, mas no fundo gostamos :)
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