Meus filhos queriam um bicho de estimação. Pediram até para a pedagoga da escola falar comigo sobre os benefícios da presença de um animalzinho no desenvolvimento do afeto e da auto-confiança em anos de formação da personalidade. Cedi.
_ Pode um cachorro? Um gatinho? Um hamster? Uma iguana?
_ Pode um peixe.
_ Pôxa, mãe... um peixe?! Mas peixe não tem a menor graça.
_ É claro que tem.
_ Tem, nada. Ele fica só lá, nadando de um lado para o outro...
_ E não é legal?
_ Não, né, mãe? A gente não pode nem pegar nele. Nem brincar com ele.
_ Poder, pode. O problema é que ele morre.
Como viram que eu não iria além do peixe, eles se conformaram. Compramos o peixe, ou melhor, os peixes. Um para cada filho. Peixinho, aquário, plantinha, pedrinha, bombinha de fazer bolhas, lâmpada, comida... Ensinaram que a gente tinha que trocar um terço da água a cada duas semanas e limpar o aquário inteiro, com remoção dos peixes, inclusive, uma vez por mês, mas nunca chegamos a tanto.
Três semanas depois, um dos peixes começou a ficar esquisitão, desbotado, a nadar de lado e puf! Morreu. Dois dias depois, o segundo peixe o acompanhou. Choradeira geral.
_ Buáááááá! O meu peixe morreu!
_ E o meu tambéééééém! Buáááááá!
_ Ué, mas não eram vocês que tinham dito que peixe não tinha a menor graça?
_Mas a gente gostava deles, né mamãe?
_ Eu sei, pessoal. Vamos fazer assim, ó: a gente compra outros, que tal?
_ Outros??? Mas não vão ser os mesmos. Buááááá!
_ É. Não vão. Vão ser mais bonitos. Vamos?
_ Vamos. Snif...
_ Mamãe?
_ Sim, filha.
_ O que você vai fazer com os peixinhos que morreram?
_ Jogar na privada, ué!
_ Na privada??? Buááááááá!
A história se repetiu mais três ou quatro vezes e todos os peixes, sem exceção, sempre morriam antes de completar um mês. Todas as vezes, também sem exceção, as crianças choravam baldes de tristeza.
Na loja,
_ Mas a senhora deu comida direito?
_ Dei.
_ Limpou o aquário direito?
_ Limpei.
_ Trocou as pedras, as plantas, a água?
_ Troquei.
_ Que água a senhora está usando?
_ Filtrada, ué.
_ Ahhhh, não pode.
_ Não?!
_ Não. É melhor usar água mineral.
_ Mineral? Caramba! Que peixe fresco! Nem eu tomo água mineral; vou ter que dar água mineral pro peixe?!
_ Se a senhora quiser que ele viva.
_ Eu não faço lá muita questão. É mais pelas crianças, sabe?
Saímos da loja com os peixes números 10 e 11 e fomos direto para o supermercado comprar muita água mineral. Aquário novo, pedras novas, plantas novas e peixes novos super mimados com água mineral. Se deu certo? Deu. Viveram três semanas certinho. Nem um dia a mais.
_ Mamãããããããe! Eles morreram!
_ Caramba! De novo?
_ É. Buáááááááá!
_ Mas... os dois?
_ Ééééééé.
_ Mas com água mineral e tudo?
_ Ééééééééé. Buááááááá!
_ E se a gente comprasse uns peixes de plástico, hein?
_ Mas aí não iam ser animaizinhos de estimação.
_ Ué... e por que não?
_ Porque iam ser de mentira! Buááááá!
Desistimos. Deve ser algum dispositivo que colocam na loja pro peixe morrer em três semanas e você ter que ir lá comprar outro. Daqui pra frente, peixe, pelo menos para mim, só no prato.
O animalzinho das crianças? Ah, eles têm, sim. Um hamster que, segundo minha filha, não é parente dos ratos e sim dos esquilos. Fica lá, bonitinho, na gaiolinha com serragem... na casa do PAI deles.
17 comentários:
Gente, eu simplesmente ODEIO PEIXE, ODEIO AQUÁRIO!!
Minha irmã tinha um aquário cheio de peixes vira-lata. Aí minha mãe, com a eterna mania de limpeza, resolveu desencardir o aquário. Com uma bela esfregada de água sanitária, manja?
Não sobrou um único vivente, mas o aquário ficou uma beleza de reluzente!
Adota um gatinho pra eles, Ana!
beijo
Eu também sou contra animais em casa.
Eu sempre conto a estória do NEMO que foi sequestrado para ser colocado em um aquario.
Mas mesmo assim as crianças adoram animais. Mas somente os tem na casa da mãe.
Ana, sei bem o q é isso. Uma filha minha tinha um peixe dourado chamado Cleo. O dito peixo morreu e eu escondi dela , falei q tinha ido ao medico. Levei meses pra achar outro igual. E ela perguntando se o peixe ja estava curado. Queria ir visitar no hospital e tudo. Achei outro e coloquei no aquario, ela bateu o olho e falou:- Essa nao é a minha Cleo. Maior lenha. Um ano depois essa Cleo 2 morreu, mas dessa vez ela soube , já estava maior e entendia bem.
Hoje temos 2 caes pequenos e fofos, mas sao meus e nao delas, rs
aqui só teve o n° 1 - Fábio! durou 3 meses!
foi enterrado no jardim.
agora peixe? só frito!
bjs!
Hehehehehe...
tadinho deles, Ana.
Deixa o hamster passar um tempinho na sua casa, vai?
ME, eu te apóio. Quer passar uns dias com o Toddy, o meu labrador?
hehehe.
bjs.
Compra logo um cachorrinho para eles? Compra, compra..... bjs Re
Numa outra vida (ainda que nesta mesma existência), já tive um hamster... Até que era bonitinho, mas morreu de pneumonia numa fria noite de inverno.
E, antes mesmo disso, ainda na adolescência, tive um ratinho branco. Um detalhe: eu tinha cabelos beeeeem compridos e costumava passear com ele no ombro, aninhado bem próximo do pescoço...
Perdi a conta de quantas vezes as meninas com quem eu estava conversando saíram correndo ao ver um par de curiosos olhinhos vermelhos despontarem bem do meio de minha cabeleira pra ver com quem eu estava falando...
:D
Nossa, minha mãe é uma santa porque lá em casa a gente já teve peixe, tartaruga, passarinho, cachorro, rato branco, coelho e gatos, muitos gatos :o) agora só temos uma gata, a mais mimada da casa :O)e recomendo, gatos são tudo de bom nessa vida, hehehe. Cagam um pouco, rascanham um pouco, miam um pouco, mas são tããão macios!
Clau,
Eu não. Meu namorado é Peixes, eu amo todo tipo de peixe e apesar de não ser grande entusiasta, tenho certa simpatia, ainda que distante, por aquários.
Adorei a história da faxina.
Cassio,
A história do Nemo é mesmo muito educativa. Vou guardar pra contar lá em casa na próxima oportunidade.
Fabi,
Esse negócio de comprar outro igual e colocar no lugar nunca dá certo. Sei porque já tentei. Cãezinhos pequenos e fofos, eu curto na casa dos outros...
Luci,
Fábio?! Que nome peculiar para um peixe. Os lá de casa se chamavam Namor e Sereia, eu acho. A parte de enterrar no jardim, eu pulei, até porque não tenho jardim (aparentemente, nem coração!).
Vivi,
O hamster passou um fim de semana em casa, quando o pai deles dedetizou a casa. O bicho foi numa espécie de trailer com dois compartimentos que o pai deles fez, usando potes de sorvete. Tinha até um tunelzinho feito com um copo de requeijão. Um lado era o "quarto" e o outro era a "cozinha" Deixei o animal ficar no banheiro das crianças - desde que dentro do trailer, naturalmente - para desespero da minha filha, que ficou com medo que ele morresse de frio. Não morreu... por pouco!
Sobre sua gentil oferta, por que não fazemos o contrário? Eu mando meus anjinhos passarem um dia com o Toddy. Hein, hein?
Rê,
Nem morta.
Adauto,
De fato, hasmters são muito sensíveis, graças a Deus.
Um rato? Pelamor, homem! E sua mãe não te expulsou de casa???!!! Deus sabe mesmo o que faz... ah, que o Montanha arruma um rato pra esconder na cabeleira... é máquina zero na calada da noite - nele e no rato. Affff!
Yara,
Uma santa, de fato.
Gatos? Não posso. Sou alérgica. Só de falar em gatos, me dá vontade de espirrar.
hahahahha
eu devo ser cruel por rir desse post. Mas sinceramente acho que faz parte do amadurecimento.
Você me inspirou, vou postar.
MC,
O que faz parte do amadurecimento? Querer ter um animalzinho de estimação ou não curtir a idéia de ter um animalzinho de estimação?
Querer ter, tê-lo e depois perdê-lo.
Ana, manda os meninos para cá passar férias, eles vão gostar:aqui tem uma cachorra tamanho médio e três gatas e em casa de meus netos tem fartura de peixinhos em aquário e mais uma cachorra enorme. Enquanto minhas filhas cresciam houve nesta casa mais de uma dúzia de gatos, outra cachorra,dois canários cantantes, vários hamsters e três tartarugas, em fases sucessivas ou em simultâneo.Conta para eles. Eles vão pedir para vir para cá!!
MC,
A gente vive querendo, tendo e perdendo na vida, não é? Acho que acabei dando uma lição neles sem perceber!
Emília,
Que divertido, menina! Um verdadeiro zoológico doméstico. Sem dúvida, eles iriam amar!
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