terça-feira, 2 de outubro de 2007

Pequenos estratagemas femininos

Em tempos em que as pessoas passam mais tempo diante dos próprios computadores do que de outros seres humanos, fica cada vez mais comum fazer virtualmente coisas que antes fazíamos presencialmente. Exemplos evidentes são compras de natal, supermercado, presentes de aniversário e casamento, passagens aéreas e... relacionamentos. Que atire o primeiro mouse sem fio quem nunca nem tentou, nem por curiosidade, dar uma olhadinha em um site de relacionamento, nem que fosse só pra ver como era e tirar um sarro de quem estava lá, na maior seriedade, tentando ser feliz.

Tudo isso só pra dizer que, hoje em dia, não é raro pessoas conhecerem outras pessoas sem as “conhecerem” de fato. Eu explico. Antes, todo mundo vinha com referência (o que não era garantia de nada, mas acalmava o espírito.). “Ah, o fulano é amigo do Paulão, sabe? Aquele, que é primo do meu tio.” “A Fulana? Ah, uma moça ótima. Conheço há muitos anos. Joga biriba com minha avó toda quarta à noite.”

Hoje, a moça conhece o moço numa sala de bate-papo ou num site de relacionamento, trocam um punhado de e-mails, passam para o MSN, evoluem para o telefone e finalmente, depois de tempos que variam entre duas horas e dois meses, dependendo do caso, marcam um encontro real. Geralmente um café, que é pra não durar muito se um ODIAR o outro.

Pois é. Só que em tempos de “encontros às escuras”, tornam-se necessárias algumas precauções, apenas para garantir a segurança das partes envolvidas.

Trim, trim....
_ Alô?
_ Ana?
_ Eu.
_ Oi, é sua amiga.
_ Ooooooooooooiiiiiii, querida. Tudo bem?
_ Tudo. Sabe o que é? É que eu vou encontrar um moço no sábado à noite e... dava pra você me ligar lá prumas dez?
_ Claro, sem problema. Já vou deixar o celular programado.
_ Ok. Depois te mando os dados por e-mail.

Tudo entendido. Quando uma moça sai com alguém que ela nunca viu antes, ela SEMPRE passa o que sabe do sujeito para uma amiga. E a amiga (ou amigas, porque pode ser necessário mobilizar mais de uma), liga no horário combinado e nem um minuto a mais, para saber se está tudo OK.

Trim, trim....
_ Querida?
_ Oi, Ana.
_ E aí? Tá tudo bem?
_ Ah, tá.
_ Precisa de resgate?
_ Não. Tô aqui com o Praxedes... lembra, que eu comentei dele?... no Grão Café. Posso te ligar depois?
_ Pode. Tchau.

Sinal de que está tudo bem. Adicionalmente, o Praxedes já fica avisado que alguém sabe quem ele é, com quem está e aonde.

Se houver qualquer traço de hesitação, por menor que seja, várias coisas podem acontecer:

1- A amiga ligar de novo, depois de 10 ou 15 minutos, pra saber se está tudo bem MESMO.

2- A amiga pedir pra outra amiga ligar em 10 ou 15 minutos para ouvir uma segunda opinião. Aí, a amiga que ligou depois liga para a amiga que ligou primeiro, as duas discutem a situação da terceira amiga e, dependendo da conclusão, rezam três Aves-Marias e um Pai-Nosso pelo sucesso do encontro.

3- A amiga que ligou primeiro enfiar uma sirene no carro, passar na casa da amiga que ligou depois e saírem em desabalada carreira rumo ao local do encontro, para simular um encontro casual e, assim, salvar a amiga número três do encontro desastrado.

4- A amiga que ligou primeiro ligar diretamente para o celular do Praxedes (ela recebeu os dados por e-mail lembram?) e simular um seqüestro telefônico para que a amiga que está em maus lençóis tenha a chance de fugir.

5- Há, ainda, a solução clássica: a própria vítima do encontro desastrado, aproveitando o telefonema no horário combinado, arregala os olhos, leva a mão ao peito e diz, com voz embargada: “o quê?! Oh, não! É mesmo? Tô indo já praí!” E sai, em desabalada carreira, sem nem se dar ao trabalho de dizer ao Praxedes o que aconteceu.

6- Finalmente, há o método nu, cru e peladão, reservado apenas para emergências porque mulher não é disso. É um pouco rude, sem dúvida, mas é definitivo. Consiste em olhar o Praxedes bem nos olhos e dizer: “quer saber? Me enganei. Você é chato pacas. Adeus!”

Se os homens entendem todo o racional desse pequeno estratagema feminino? É claro que não. Aliás, não só não entendem, como acham que é “coisa de adolescente”, como chegou a afirmar um representante do rol dos recentemente dispensados. Mas que funciona, funciona. E a mulherada usa, sim. Usa e se orgulha. E podem estrebuchar à vontade que a gente nem liga.

16 comentários:

Cláudia disse...

Ué, é o básico do básico da segurança, que alguém saiba que naquele momento você está ou feliz da vida com um cara bacana, ou pensando que ficar em casa coçando a frieira do pé teria sido muito mais útil e produtivo.

E somos tão tarimbadas na arte de ligar pras amigas, ou "sermos ligadas" por elas, que eles nem desconfiam, a menos que o celular esteja com o volume de voz tão, mas tão alto, que o bofe em questão escute o que ela tá dizendo.

Aí tem duas saídas: ou ele acha engraçado, entende e acha até interessante, galgando vários degrauzinhos na nossa admiração, ou ele ridiculariza e enterra de vez, em túmulo cimentado e concretado, qualquer chance de ter um relacionamento com a dama em questão.

beijo

Ana disse...

Que atire a primeira pedra quem nunca pediu ou fez a ligação...

MH disse...

é o salva-vidas dos tempos modernos... às vezes nem precisa combinar, sem a amiga pedir a gente já avisa que vai telefonar lá pelas 10, só pra saber se está tudo bem ou precisa de resgate...

Anônimo disse...

Não seria CURIOSIDADE em vez de "segurança"? :)

Anônimo disse...

Nossaaa!!!Caraca, esse "trambique" é universal...achei que só acontecia comigo e pelos lados de cá...
Tipo, eu sou do tipo calculista pacas...sempre combino com minha parceira, irma-prima ou prima-irma...
antes do encontro manda tudo certinho pelo email. Depois dou endereço, as caracteristicas da roupa que estarei e hora...e peço para ligar de 30 em 30 se passando por várias pessoas, logico.
Antes disso, ao chegar no encontro, demoro um pouquinho, vou ao banheiro e ligo para Prima...passo a cor da roupa que ele está e o numero da placa do carro dele...
Pronto! Tudo armado (ops, seguro)e é só curtir a noite...rs
Minha nossaaa!!!rs

abraços

Ana Téjo disse...

Clau,
Há algumas peculiaridades que os homens simplesmente não entendem. E nem é má vontade, não. eles simplesmente não entendem MESMO.

Ana,
Não é?

Ana Téjo disse...

MH,
Questão de responsabilidade social.

Cassio,
Definitivamente, não. É segurança mesmo.

Ana Téjo disse...

Mary,
Por que sua amiga precisa saber da SUA roupa?

Gastón disse...

É, me lembro bem quando eu saí com a Bel. Ela botou a mãe pra fazer o 190. E, claro, etava tudo ótimo, ela estava sendo muito bem tratada e ficamos felizes para sempre em quanto durou.

Beibe, vc que anda por aqui no blog da Ana, foi você que ligou pra MC naquele dia?

Anônimo disse...

Pq? Pq é arriscado neh? Vai que mesmo tomando todos os cuidados, o sujeito resolve ter um ataque de fúria e fazer alguma coisa comigo...daí para divulgar o meu sumiço, espalhar cartazes pela cidade (colado nos postes)precisa pelo menos de ter as características das roupas,neh?rs
Paranóia mesmo...
Mas pode acreditar, não faço mais isso nao, viu???
Fala serio, neh?rs

mary

MH disse...

hahahahahahahahahah beibe, não lembro. Pode ter sido... mas geralmente essa tarefa é designada a uma amiga, não necessariamente à irmã... se bem que acho que a gente já se fez esse favor sim! rs

Joana Homem da Costa disse...

Concordo, é mesmo, esse esquema é muito usado! :) Aliás têm esquemas para tudo, os homens é que não percebem metade, e nós precisamos desses esquemas! Faz parte!
Adorei o post! Bjinhos

Ana Téjo disse...

Gastón,
São providências simples e importantes nesse mundo hostil e ameaçador.

Mary,
Ahhh, tá. Entendi.
Não acho que é paranóia, não. Acho super saudável e, cá entre nós, quando necessário, vc devia continuar fazendo.

Ana Téjo disse...

Joana,
são esquemas universais, não?
Beijos!

Luci disse...

esquemas femininos de segurança segura!
mas eu sempre usei o "método nú, cru e peladão"...kkkkk!
saudades de vc! bj!

Ana Téjo disse...

Luci,
Também funciona.
Saudade e beijo também.