terça-feira, 3 de julho de 2007

A função social do cacoete na manutenção da estabilidade emocional infantil

Não é novidade para ninguém que criança tem mania de sucção. Muito mais que mania, o exercício da sucção desenvolve a musculatura oral, os dentes e as arcadas dentárias, além de ensinar funções importantes como a da mastigação, deglutição e respiração e de aproximar a criança da mãe. Mãe que, por sinal, é aquela referência quase única da vida do bebê. Mãe é aquela entidade onipresente durante tooooooda a vida dele e que depois do nascimento interage através da amamentação. E como bebê não é bobo, é claro que quer ficar perto de quem o alimenta e o conforta. Eu quero, o bebê quer, você quer – e se disser que não quer, você que é esquisito, e não nós.

Assim, no fundo não é nada estranho que a simulação do ato da amamentação acalme o bebê, fazendo com que se sinta mais perto da nave-mãe, de onde ele ainda não entendeu porque saiu. Mas se um bebê exercitando a sucção é uma coisa pra lá de natural, à medida que ele vai crescendo, ganhando dentes e tudo o mais, a coisa começa a ficar engraçada.

E vai ficando engraçada até se tornar um cacoete. Como os cacoetes dos outros são muito mais divertidos que os nossos, falemos nos dos outros. Dos meus filhos, por exemplo.

Minha filha foi uma adepta entusiasmada da chupeta, diferentemente do meu filho, que nunca aceitou o artefato. Ambos tiveram cacoetes que até hoje me matam de rir.

Minha filha, na hora de dormir, fazia questão não de uma, mas de DUAS chupetas. Era uma na boca e outra na mão. Medo de perder? De jeito nenhum. Desde pequenininha, ela colocava uma das chupetas na boca, girava no sentido horário, girava no sentido anti-horário, sugava um pouquinho e experimentava a outra chupeta. Assim, como se estivesse fazendo uma degustação. “Hmmmm, deixa eu ver... não. Essa aqui, não. Deixa eu ver se o látex da outra está melhor...” ela seguia nisso a noite inteira, chupando hora uma, ora outra. E se uma das chupetas caísse no chão, ela chorava até receber a chupeta de novo, mesmo que ainda estivesse com uma na boca.

Ela não chupou chupeta por muito tempo. Lembro que lá pelos três anos e meio, combinamos que ela passaria do berço para a cama e que “menina grande que dorme em cama não chupa chupeta.” Mas algo me diz que já estava na hora. Talvez o fato dela já conseguir tocar Jingle Bells na chupeta. Era um suc, suc, suc / suc, suc, suc / suc, suc, suc, suc suuuc... Definitivamente, estava na hora.

Com o meu filho é mais difícil porque ele chupa o dedo. Tentei usar do mesmo expediente e trocar a cama pelo dedo, mas na hora da troca ele não entregou a parte dele. Com ele, o cacoete não se restringe a chupar o dedo. Ele tem que chupar o dedo de uma mão (o polegar da mão direita) AO MESMO TEMPO EM QUE massageia uma etiqueta entre o polegar e o indicador da outra mão. Em geral, é uma etiqueta de bicho de pelúcia, mas qualquer etiqueta serve, até de toalha de prato, desde que seja acetinada. E mais: se não tiver a etiqueta, ele não consegue chupar o dedo.

Vai dizer que adulto não tem cacoete? Claro que tem! Aos montes. E se disser que não tem, é porque o cacoete é a mentira. Cacoete, acho eu, é um ritual que, com a repetição, cumpre a função manter a ilusão da segurança. Quais são os seus?

19 comentários:

Anônimo disse...

O meu cacoete é ler o seu BLOG. :)

Mas na hora de dormir adoro dormir de conchina.

Ih....Acho que não tenho cacoete ou ele esta tão enraizado que não lembro. :(

MH disse...

hmmmm... eu gostava de ficar mexendo nos cílios ou na sobrancelha na hora de dormir. de vez em quando ainda mexo...

e sempre me pego mordendo (de leve, mais sugando mesmo) o canto interno da boca quando estou pensativa ou preocupada.

E deve ter mais um monte. Só que você não contou os seus, né? E aí???

Anônimo disse...

Hummm...cacoetes...
Lá vão alguns: tirar o pé de debaixo de todos os lençóis, cobertores, edredons e deixá-los lá, livrinhos para tomarem um ar.
E unhas...depois que sai o esmalte - às vezes, com removedor; às vezes, no cutuco mesmo - não tem jeito de eu não dar uma pequena roída. Daí, pego a lixa e fico inventando moda.

mas...e vc, Ana...e os seus, hein, hein!?
Beijos

Anônimo disse...

Chupetas, etiquetas, puxar orelha, mexer com o cabelo, enrolar a blusa, cada qual dos meus três filhotes já teve sua cota de cacoetes - os quais foram sendo deixados de lado enquanto cresciam.

Menos um.

O "ursinho de pelúcia" com o qual adoram dormir abraçadinhos. O detalhe é que esse "ursinho" é a própria mãe (também conhecida como Dona Patroa)...

Já perdi a conta de quantas vezes fui expulso da cama em função desse "cacoete" da petizada.

Definitivamente: na lista de anticoncepcionais recomendados pelo Ministério da Saúde, "filhos" continua em primeiríssimo lugar...

Anônimo disse...

Eu tbm chupei dedo muitooooooooo tempo...
Parei aos 15, qdo coloquei aparelho.
Mas só parei mesmo depois de ir ao dentista e ele me obrigar a colocar aparelho e falar horroressss....rs
Mas minha mãe tbm fazia de tudo...ate pimenta passaou no meu dedo, que era o mesmo que seu filho chupa.
E eu chupava dedo e enrolava oc abelo...o meu, pq o da minha mae não colou muito pq ela nao deixava...
Entre outro...q hj tenho, mas nem é muito bom revelar, neh?rs

beijos

Anônimo disse...

Devo ter vários, mas não me lembro agora, se lembrar volto pra dizer. Acho que esse lance da chupeta é ensinado pros babys lááá no céu, antes deles descerem, porque minha filha também só dorme com no mínimo duas chupetas, e uma delas têm que ser da mônica. Mas o mais engraçado é que ela gira a chupeta na boca sem colocar as mãos, é divertidíssimo de ver. Eu já tentei e nem acordada eu consigo, enquanto minha filha faz isso até dormindo!
bjs!

Ana Téjo disse...

Cassio,
Cacoetes enraizados são os piores.
Mais uma vez, obrigada pela preferência.

MH,
Tenho um amigo que tem uma falha na sobrancelha direita, de tanto que puxa os pobres fios quando fica tenso. É engraçado.

Ana Téjo disse...

Vivi,
Meus cacoetes ficam para outro post. Melhor: talvez eu escreva um livro para caberem todos, que tal?

Adauto,
Ri muito do seu comentário.
Faça valer seus direitos, homem! Sacuda a molecada do leito matrimonial de uma vez por todas. Se não der resultado, só tem um jeito: leve a Dona Patroa para dormir COM VOCÊ no quarto das crianças. Pronto.

Ana Téjo disse...

Mary,
QUINZE anos? Pelamordedeus! Nem me fala uma coisa dessas. Só pra eu saber: você já tirou o aparelho? Não tem medo de uma recaída?

Greice,
Eles são muito hábeis mesmo. A gente vive se surpreendendo. Adorei o detalhe de que uma das chupetas tem que ser "da Mônica".
Seu cacoete, talvez, seja o de tentar virar a chupeta da sua filha na SUA boca! Morri de rir imaginando a cena.

Anônimo disse...

Não sei se deveria contar, mas agora já tomei coragem... Até os seis ou sete anos também tinha o mesmo cacoete da Ana Tejinho, só que no meu caso era três... Uma na boca (como não poderia deixar de ser), outra na mão direita (eu ficava apertando contra o polegar), e a derradeira na mão esquerda (que eu apertava contra a ponta do nariz). Estranho, né?! Mais estranho ainda foram os aprelhos ortodônticos que usei até os 15 anos, que envolviam desde aquele freio horrorível até aquelas placas que fazem com que falemos de "língua plessa"... rsrsrs

Anônimo disse...

Errata: Onde se lê: "era três", leia-se: "eram três".
(Estas lembranças mexem comigo até hoje, sorry =/)

Jade disse...

Minina ultimamente eu percebi que fico passando as pernas de um lado pro outro da cama, onde tá mais geladinho, e me dei conta que faço isso há muito tempo!!
Meu filho chupou chupeta por pouco tempo, quando eu tive que tirar do peito, já com 9 meses, aí tive que dar algo, mas era lindo ele mamava até dormir e passava a mão no meu colo, no pescoço, no rosto... que saudade!!
Beijos!!

Anônimo disse...

Eu tinha 1 fraldinha que ficava chupando a ponta qd dormia e fazendo um barulhinho...
Qd estava mastigando, eu fazia o mesmo som...
Acredita que hj em dia, se eu estiver bem distraída e feliz, eu me pego emitindo este mesmo "cantarolar"?
Delícia estes aconchegantes cacoetes!

Ana Téjo disse...

Milena,
Adorei seu cacoete! Obrigada pela confiança de contar, viu? Fica só entre nós.
Você devia precisar de uma tremenda coordenação para chupar uma, massagear a segunda e esfregar a terceira, né?

Jade,
No inverno também?
É verdade. Essa fase da amamentação é deliciosa. eles são tão nossos, né?

Ana Téjo disse...

Aninha,
Vou observá-la mais de perto. Deve ser engraçado.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk
15 anos!!!rs. Completei 15 anos em janeiro e coloquei aparelho em agosto...
Mas entao...fiquei 3 anos com o aparelho fixo e dois anos com o móvel. Até final do ano passado eu usava o móvel, mas meu dentista tirou aos poucos e hj nem preciso usar mais....
Recaídas??Sim...tive muitas...Mas depois que coloquei o aparelho não era mais a mesma coisa e entao dificultava...e ainda apressão do dentista e da minha mãe...acabei desitindo. Agora depois q tirei q foi mais dificil...rs.Mas superei.
rs

beijos

Mary

Nana disse...

Também chupei dedo. E só parei quando comecei a usar aparelho e tinha que dormir com aquele freio de burro.

Ana Téjo disse...

Mary,
Vou marcar uma consulta para o Montanha no dentista ainda essas férias. Quem sabe, né?

Nana,
Será que vou ter que esperar até ele perder a primeira dentição? Afff!

Carolina Sé disse...

Seu filho ainda é pequeno? Com certeza ele deve ter alguma sensação sinestésica que liga gosto e textura... Muito, muito interessante.