Ser mãe é ter culpa. Acho que a culpa nasce no parto, junto com o bebê, se fixa na boca do estômago e fica morando lá para sempre. Mãe tem culpa de tudo: de trabalhar muito, de chegar tarde, de sair cedo, de fazer ginástica bem na hora da Maratona Backyardigans, de fazer as unhas no sábado de manhã, de sair com as amigas que não vê à dois meses, de não ir a todas as reuniões da escolinha (inclusive naquelas marcadas para as dez da manhã!)...
_ Professora!
_ Sim, mãe do Rafinha _ responde a professora, num suspiro.
_ Eu estou tendo o maior problema com o Rafinha, sabe?
_ A senhora não gostaria de falar sobre isso depois da reunião?
_ Não, sabe o que é? É até melhor comentar porque talvez outras mães estejam com o mesmo problema...
(Lá vem! Deus, dai-me paciência porque quando chegar em casa, eu ainda tenho que mimar as crianças, tomar banho, jantar e fazer aquele roteiro freelance até uma da manhã!)
_ É que o Rafinha sempre briga comigo porque o meu “
_ Entendo...
_ E eu explico pra ele que o meu “
(E por que você não aprende a fazer um “
_ O “
_ É que aqui, na escola, nós ensinamos as crianças a fazerem o “
_ Eu sei, mas é que quando eu estudei, aprendi a fazer o “
(Ai, Xisus, apaga a luz! Vamos fazer uma vaquinha e comprar um caderno de caligrafia pra essa ostra aprender a fazer “
Quando finalmente a mãe do Rafinha se satisfaz e eu penso que a coisa voltará a evoluir, a mãe do Tomás levanta a mão. A professora suspira discretamente.
_ Pois não.
_ Então, o Tomás não tem problema com os números, mas eu queria saber se ele tem feito cocô aqui.
_ Eu não tenho essa informação, senhora. Mas posso perguntar às auxiliares, se elas têm visto o Tomás no banheiro.
_ É, porque em casa, ele nunca faz cocô e quando eu digo que ele só vai levantar da privada quando fizer, ele diz que já fez na escola, e eu fico preocupada porque o médico disse que é muito importante ir ao banheiro todo dia e...
(E eu lá, tentando me equilibrar naquela cadeira minúscula e me perguntando o quê, em nome de Deus, tenho a ver com o cocô do Tomás.)
24 comentários:
KKKKKKKK
Ana !!!
Mais uma vez me identifiquei com você !
Eu também odeio estes tipos de pais!
Tenho um monte de estórias engraçadas para contar também. Quem sabe um dia tabulamos algumas...
Só tenho pena das crianças. :(
Já imaginou o filho sentado na privada com uma louca descabelada "mal amada" gritando "FAX cocô ai!!!".
Tadinho :(
Sei que não tenho filho, nem nada, mas dá licensa que preciso comentar: acho que um dia vc vai sentir saudades dessas reuniões, sabe? Quando ele for adolescente, acho que o nível das reuniões vai piorar...
Hahahahaha, ninguém merece, mesmo! Nem mesmo as professoras, coitadas!
Ri muito imaginando a cena descrita pelo Cassio... hahahaha coitado do Tomás!!!
Beijo
*Anna*
Permita-me uma resposta ao coment da mc, Ana:
mc, a gente não sente falta não, e quando eles são adolescentes, a gente só vai na reunião se eles estiverem perigando ser expulsos do colégio, caso contrário, nem pensar, que a cota já esgota no primário mesmo.
Ana, uma vez, minha filha com uns 8 anos, a professora pediu para cada pai dizer se o filho mentia ou não e somente a minha filha e o filho da minha amiga mentiam. o resto, tudo uns anjos, que não mentiam, apenas omitiam, segundo os pais.
Aí eu fui cair na bobagem de dizer que a Bela nunca era ela mesma, mas sempre um personagem de desenho (isso numa época que ela andava de quatro pela casa, latindo e lambendo a gente, pq era a Lady da Dama e o Vagabundo, vai vendo), e escutei de uma mãe - que tinha filho que nao mentia, apenas omitia - que eu devia investigar psicologicamente a Bela, pq ela devia ter uma realidade muito dificil para ter de fugir desta forma.
Respondi: sabe que vc tem toda razão? Quem sabe assim ela pára de mentir e começa apenas a omitir?
Por Deus...
Dá pra matricular a mãe do Rafinha na mesma turma que ele?
Bjos
Laxante para o Tomás e para mãe tambémmm
Bjo
hahahaha
fascinante, os temas de discussão propostos pelas mães. Reunião da escolinha deve ser de matar. Só é bom mesmo pra se encher de orgulho olhando os trabalhos da cria...
hahahahaha...
No consultório, eu vou explicar como é o trabalho que eu faço... e elas muitas vezes nem aí! Ficam me interrompendo:
Mas... qt tempo dura a sessão mesmo?
Mas... é a empregada que vai levar e buscar, viu?
Mas...
É prá morrer mesmo!!
Na reunião da minha filha (berçário, crias com menos de dois anos) tem estes tipos de pais, mas o pior é a pedagoga que é extremamente redundante e leva hoooras pra explicar o desenvolvimento das crianças, o que eles já estão 'capacitadas' a fazer, autonomia, etc... pra mim que conheço minha filha e leio muito sobre crianças, é um tédio. Mas pelo que vejo a maioria dos pais acha suuuuper interessante o que ela fala...
beijos!!
hahahahahahahaha: mio baixinho com o talento do infante!!!
beijos,
Essas reuniões são iguais em todas as escolas??? Socorro!!! Eu sempre me pergunto se essas mães não tem mais nada para fazer...
Greice,
Pq pedagoga é sempre redundate??
Reunião de escola e reunião de condomínio devia ser tema de tese antropo-sociológica de livre-docência.
Bjs. Rosana.
Cassio,
Só me fala: alguém merece?
MC,
Acho que não vou, não.
Daqui a alguns anos, eu te conto.
Ana,
tenho um filhote de 5 anos também e concordo em gênero, número e grau com seu comentário - é um porre! especialmente quando você deixou uma reunião importante ou outras coisas igualmente importantes para estar lá...
Com relação à culpa, você repetiu o que ouvia da mãe de uma amiga quando estávamos na faculdade: ser mãe incluir sentir-se culpada - vem junto, sabe? também concordo plenamente...
*Anna*,
As professoras são as que menos merecem porque, invariavelmente, dão aula para mais de uma turma, o que significa uma multiplicação nas reuniões. E elas bem que tentam avisar, viu? Sou testemunha disso.
Clau,
É mesmo! Reunião no colegial é encrenca na certa, né?
Rolando de rir aqui com a história da Lady, digo, da Bela. Você é impagável!
Esfinge,
Boa! Vou sugerir na próxima reunião. Quem sabe ela aprende a fazer a barriguinha do "2", né?
E vou já ligar pra Farmácia em Casa e encomendar um Lacto-Purga embalagem família para mãe & filho. Adorei.
MH,
"É" de matar. Depois, não diga que eu não avisei.
Aninha,
Nem me fale. Não dá vontade de jogar um tubo de Super Bonder na bocarra das mamães?
Aliás, acho que mães assim devem ser a grande motivação para o filho ir parar no seu consultório, não?
Greice,
Ela tem que justificar o salário, né?
Vivi,
Mãe mia. Vai aprendendo...
Krys,
Acho que são sempre iguais, sim. E mesmo assim, a gente vai a todas.
As mães certamente tem mais o que fazer: ioga, manicure, depilação...
Rosana,
Grande idéia! Depois que eu concluir meu mestrado e meu doutorado, vou me dedicar a isso.
Tuca,
No fundo, acho que somos (quase) todas a mesma pessoa.
A amarelinha é menina.
Bjs. Rosana.
Rosana,
Vou contar pra todo mundo na próxima reunião. Obrigada.
minha simpatia está com as professoras. ninguém merece.
Ahh, que saudades eu já tinha do que você escreve, meu Deus!!Só ainda não acostumei a 'ver'você como Ana...Mas eu chego lá.
anna o.,
A minha também. Com elas e com pobres mães sem tempo e sem paciência como eu.
Emília,
Saudade também. Em todos os dias de estiagem, pode ter certeza.
E sou eu mesma, juro. Você se acostuma.
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